Metamorfose
Individuação
Da plasticidade
Utilizei na encáustica, cera de abelha clarificada, resina damar e carnaúba e essencialmente pigmentos azul ultramar, azul da Prussia, turquesa e branco titânio, com poucos traços de ouro velho , além dos tons vermelho cádmio e magenta no corpo e coração do elemento.
Após forte lixamento do suporte de madeira que fez imergir a cor natural da madeira, foram aplicadas 5 generosas camadas de cera onde o calor do maçarico ou soprador de ar quente integraram os pigmentos num movimento de expansão e contração trazendo à luz a liquidez do elemento água que a obra, a priori, representa.
Do conceito
Obra inicial desta instalação, que anuncia esta existência como possibilidade de perceber todas as máscaras, definidas pelas funções e arquétipos que nos são impingidos pela sociedade. O trabalho foi concebido tendo como imagem principal, o protagonista, o observador das máscaras que nos são elucidadas a partir dos espelhos; ou seja, todos que nos rodeiam estão constantemente descortinando os personagens que incorporamos nos diversos momentos da vida.
O mergulho nas águas, nas emoções dos personagens, abrindo espaço para um reencontro mais profundo com a essência de cada um. O rosto disforme representa a não identificação com o “eu idealizado” pela sociedade.
É como a gota do oceano que se individua, reconhecendo-se gota não separada do Todo.
Sopro Solar
Da plasticidade
Executada na técnica encáustica, utilizei cera de abelha, carnaúba e resina Damar e pigmentos em pó e a base de tinta a óleo: vermelho cadmio escuro e claro, magenta, rosa vivo, amarelo cadmio escuro, terra siena escuro, laranja amarelado iridescente, traços de ouro velho, branco titânio e azul da Prússia entre outros.
Os pequenos troncos de madeira natural se apresentaram e participaram de forma harmônica na composição onde procuro destacar o fogo que basicamente esta obra representa.
Do conceito
Como já citado, os trabalhos foram se manifestando a partir do mundo onírico e em alguns momentos de canalização em estado de vigília. Esta imagem chega referindo-se à polaridade de todas as coisas. Positivo e negativo; destruens e construens; ilusão e verdade.
Representa também a não dualidade e a continuidade das dimensões por onde podemos transitar.
A imagética desta obra sugere que algo está sendo gestado a partir da transformação pelo fogo.
"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"
– Antoine Lavoisier.
Tudo está em processo de evolução ou involução. Não existe nada inerte; o que existe é movimento e o fogo em nossos corpos é a energia vital, é o espírito e tem uma influência purificadora em nossas vidas
Mundo Sutil
Da plasticidade
Executada na técnica encáustica com elementos (mãos) modelados em papel machê (papel de seda e cola) a partir das peças em argila utilizadas na obra de número 2 (Dançando com a dor).
Utilizei cera de abelha, carnaúba e resina damar com os pigmentos em pó ou a base de tinta a óleo nos tons: branco titânio, azul da prússia e lilás abrem caminho para o movimento do elemento ar que o trabalho representa. O violeta azul iridescente e verde luminoso ofereceram um toque metálico especial para as mãos.
Do conceito
O ar está relacionado com a mente e o intelecto, ou seja, com nosso corpo mental.
No trabalho, a imagética traduz a ideia de produção. Mãos ou luvas em processo de trabalho, sendo que uma das mãos aponta para o centro, para o coração, o chacra central no corpo. O rosto omitido argumenta quanto a não identificação com o personagem e a dissolução das máscaras.
A ideia do FAZER que emerge da imagética das mãos é transformado em SER. A humanidade se esqueceu que o verdadeiro caminho está em SER, para FAZER para somente então, TER. Estamos adormecidos, vivendo como zumbis manipulados para sermos produtivos e consumidores.
A obra traz em sua imagética o mundo sutil, o mundo dos sonhos que pode abrir portas de nossas memórias e assim, lembrarmos quem ou o quê somos.
Quem não sonha, não desperta.
Dançando com a dor
Da plasticidade
Os movimentos necessários para trazer presença e força à obra foram facilitados pela argila, cera de abelha e fogo. São materiais que me trazem uma grande liberdade para expressar o que eles me pedem, como uma conexão bastante interessante de troca, onde entrego meus sentimentos e a plasticidade flui.
Os pigmentos em pó ou a óleo utilizados, foram basicamente branco titânio, verde inglês, verde luminoso, azul verde iridescente, terra Siena queimada.
Estas cores facilitaram ancorar a ideia das dimensões por onde nos é possibilitado transitar, no mundo onírico.
Do conceito
A obra reflete um olhar inaugural sobre o sofrimento e a possibilidade de integrar corpo, mente, emoções e essência a partir dele, já tendo a consciência de que todos os eventos da vida acontecem a nosso favor, mesmo quando no momento da dor, não temos esta percepção. O caminho da autotransformação pode ser estimulado a partir deste convite para uma dança profunda com a dor como um processo de contentamento e leveza, quando temos a consciência de que quem sofre, é somente o personagem.
Remete também a um momento de minha história de infância quando meu pai me salvou de um afogamento, resgatando-me de um rio, com um arame farpado. A dor que sempre cura, ensina e integra presença.
O que gerou este trabalho é a comunicação entre as dimensões do ego e da essência e a possibilidade de Individuação do Ego, citada por Yung.
Perfeito Estranho
Da plasticidade
Obra executada na técnica encáustica em suporte de madeira, utilizando cera de abelha clarificada, carnaúba e resina damar e pigmentos em pó ou a óleo (marcas Pebéo e Georgian) nas cores magenta, branco titânio, marfim.
Máscara modelada em papel machê, tendo como molde a peça (cabeça) utilizada na obra Dançando com a dor. Neste elemento utilizei somente a cera clarificada, sem pigmentos.
A tela foi inserida na composição para unir as partes em madeira e encaustica.
Do conceito
Última obra desta instalação.
Representa o éter, o quinto elemento, a quintessência que é o meio pelo qual as ondas de luz residual viajam. A comprovação científica do éter ressuscitou a teoria do vácuo quântico, o vazio. A tela unindo as partes do quebra-cabeças, sugere a união, o acesso à totalidade a partir do vazio, do éter, suturando as partes do ser.
Esta obra pode ser considerada também uma releitura do homem vitruviano de Leonardo Da Vinci, conceituando aqui, a forma disforme, a divina imperfeição fundamentada nas diferenças entre os homens em todos seus aspectos mental, emocional, físico e espiritual.
Este trabalho artístico abraça os quatro elementos e expande para o aspecto consciencial, ou seja, para libertar o "perfeito estranho" e ser, enfim, a consciência que verdadeiramente somos.